Farmácia e a Cosmética no século XIX em Portugal

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 Farmácia e a Cosmética no século XIX em Portugal

Os cosméticos fazem parte da história da Humanidade. Os antigos egípcios já tinham cuidados de beleza e higiene pessoal, existindo registos de uso de óleos, perfumes e maquilhagem. Não só por uma questão estética, mas também como proteção contra o clima árido e o sol forte. Por volta de 400 A.C., na Grécia Antiga, os banhos, a utilização de unguentos ou de máscaras de beleza constituídas por argila eram parte da rotina.

Contudo, após a queda do Império Romano, já na Idade Média, o interesse pelos cosméticos decaiu. Valorizava-se acima de tudo o espírito, deixando-se o aspeto físico para segundo plano. O Renascimento trouxe consigo um renovado interesse pelos cosméticos que, no século XIX, se desenvolveram, não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo.

 

A industrialização da Cosmética

Durante o século XIX a área dos cosméticos e da farmácia sofreu uma grande evolução devido à revolução industrial e ao aparecimento de novas descobertas científicas. A Química Orgânica, campo da química que explora as propriedades, os aspetos estruturais e a reatividade dos compostos orgânicos, foi uma grande impulsionadora da cosmética. Foi responsável pela expansão na área dos corantes e pigmentos e ajudou a descobrir a composição de óleos e extratos minerais que deram origem a novas fragrâncias sintetizadas.

O consumo na área da cosmética no século XIX teve como principal público-alvo a mulher, independentemente da sua classe social e cultural. As mulheres procuravam melhorar a sua imagem e corresponder com a estética feminina representada nos jornais, revistas e publicidade da época. Foi o início da grande indústria da beleza e do comércio de cosméticos.

Tipos de cosméticos em Portugal no século XIX

A distinção entre higiene pública e higiene privada foi-se afirmando nas últimas décadas do século XIX e Portugal foi acompanhando a inovação científica produzida em países como a Alemanha, a França e a Grã-Bretanha. A higiene e o cuidado do corpo incluíam a lavagem do rosto, do pescoço e das mãos, a limpeza da boca e dos dentes e a lavagem das zonas íntimas e dos cabelos.

Sabonete

O sabonete foi-se tornando um produto cada vez mais popular no decorrer do século XIX, por ser muito eficaz e bastante bem tolerado pela pele. No entanto, ocorriam alguns inconvenientes na produção de alguns sabonetes: uma má neutralização originava soluções com alcalinidade exagerada, lesivos para a pele. Por outro lado, a aplicação de corantes e perfumes de má qualidade provocavam irritabilidade na pele.

Produtos capilares

Assumiram-se como um dos cosméticos mais importantes do século XIX, mas só se vulgarizaram em Portugal a partir de meados do século XX. O champô era apresentado em forma de líquido límpido ou opaco, em creme ou espuma. Conferia brilho, suavidade aos cabelos e facilidade de penteado. Os primeiros produtos capilares eram feitos a partir de sabão em pó, ervas aromáticas e fragrâncias. Posteriormente, eram adicionados espessantes para aumentar a viscosidade e, à época, o consumidor avaliava a qualidade do champô através deste mesmo resultado.

Perfumes

O progresso da Química Orgânica permitiu a reprodução artificial de cheiros encontrados na natureza, que deu origem às matérias-primas sintéticas. Durante estes anos procurou-se encontrar fórmulas que permitissem criar odores agradáveis. “Eau de Parfum” tornou-se o perfume mais popular da época, composto de 10 a 20% de essências e com uma fragrância que permanecia durante 12 horas. Em Portugal, durante este período, utilizou-se essencialmente a “Água de Florida” e a “Eau de Cologne”.

Cremes cosméticos

No século XIX não havia distinção entre tónicos, produtos para a limpeza da pele ou hidratantes, eram simplesmente chamados loções e pomadas. A escolha do creme recaía sobretudo sobre aquele que despertava maior atenção na publicidade. “Bloom de Ninon”, “Gowland´s Locion” e “Milk of Roses” eram os cremes mais consumidos na época. Contudo, a maioria das pomadas apresentavam riscos para a pele, por serem compostas por óxido de chumbo e mercúrio: quando utilizadas repetidamente, podiam levar à paralisia ou ser até mesmo fatais.

Higiene da boca

No início do século XIX, a escova de dentes era normalmente usada apenas com água. Contudo, pouco a pouco foram surgindo misturas dentárias, a maioria de produção caseira e normalmente elaboradas com giz, tijolo pulverizado e sal. Foram criados pós e pastas dentífricas com uma grande variedade de substâncias, nomeadamente bicarbonato de sódio, mel ou opiáceos – muitos destes produtos vieram mais tarde a revelar-se prejudiciais para a saúde.

 

Fonte:

https://recil.ensinolusofona.pt/handle/10437/4366

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