Na essência da destilação | História da Farmácia
Na essência da destilação
O conceito galénico de odores e sabores associados a drogas enquanto manifestação de qualidade dos medicamentos remonta à época do Renascimento. O aperfeiçoamento das técnicas de destilação pelos árabes levou ao desenvolvimento do conceito de princípio ativo e ao aparecimento da química farmacêutica. [1] A técnica de destilação, como hoje é conhecida, é profundamente antiga, e desempenha um papel extremamente importante nas indústrias e laboratórios químicos.
O que é a destilação?
Durante um longo período, e considerando as suas origens, o conceito de destilação estava intrinsecamente ligado à preparação de “águas poderosas” e até à “pedra filosofal” ou elixir que seria a cura de todas as doenças.[2]
Na Alquimia Medieval, a destilação ganhou um papel de destaque, com especial foco na obtenção de águas medicinais. Surge assim a acqua vitae – um medicamento obtido através da destilação do vinho. Estas virtudes associadas à técnica de destilação estão destacadas nas obras atribuídas a Arnaldo de Vilanova, Johannes de Rupescissa e Raimundo Lulio.[3]
A origem da arte da destilação
Os primeiros desenvolvimentos relativos à destilação foram promovidos pelos alquimistas alexandrinos, sendo os mesmos os principais responsáveis pelas técnicas de operação sobre a matéria.
A destilação enquanto técnica medieval
A destilação foi, inicialmente, aplicada por via húmida a especiarias e outras drogas aromáticas. Este processo permitiu a obtenção de essências, onde o odor e o sabor da droga original permanecia concentrado. Foi através deste processo que surgiu a ideia de se extrair das drogas um princípio ativo ou uma essência. Nesta extração seria possível captar numa máxima concentração as qualidades de ação terapêutica. Tornara-se também possível eliminar componentes supérfluos e aumentar o efeito farmacológico.
Para as drogas minerais, verificou-se um raciocínio análogo. Foram aplicadas técnicas metalúrgicas por via seca para a purificação dos metais. A partir deste processo, foram desenvolvidas em paralelo as novas técnicas da química farmacêutica, utilizando as duas vertentes, húmida e seca, aplicadas respetivamente às drogas vegetais e aos minerais.
[1] Histórias da Ciência (pp.41-64) Publisher: Quasi Edições Editors: Correia, Clara Pinto
[2] Beltran, M. B. (1996). Destilação: a arte de “Extrair virtudes.” http://Qnesc.Sbq.Org.Br/Online/Qnesc04/Historia.Pdf
[3] Sobre a receita para obtenção do que hoje chamamos álcool, tida por muitos como a primeira, veja nossa “Pitada de História da Química”: “Álcool: uma antiga receita guardada em Mappae clavicula” em Boletim da SBQ, ano XIV, n. 9, p. 2, set. de 1996.
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