Os boticários portugueses e as drogas medicinais orientais | História da Farmácia
Os boticários portugueses a as drogas medicinais orientais
Sabia que no Século XVI, os médicos e boticários portugueses desempenharam um papel fundamental no estudo e reconhecimento das especiarias e drogas medicinais?[1] Dos grandes nomes da Medicina e Farmácia orientais, importa referir Tomé Pires, autor da Suma Oriental (1515), seguindo-se Garcia de Orta, responsável pelo Colóquio dos Simples e drogas e coisas Medicinais da Índia (1563), sendo considerado umas das maiores referências da Botânica, Farmacologia e Medicina Tropical. Por fim, Cristóvão da Costa, médico e naturalista português do século XVI, autor do Tractado de las drogas y Medicinas de las Indias orientales (1578).
- Tomé Pires
Tomé Pires destacou-se entre os boticários portugueses que viveram no Oriente no século XVI. Seguindo as pisadas do pai, tornou-se boticário do príncipe D. Afonso quando este casou, em novembro de 1490[2], e partiu para a Índia em 1511. Esteve em Cananor e em Malaca, como feitor e vedor de drogarias. No que se refere ao legado de obras, em 1511 escreveu a Suma Oriental, a primeira descrição europeia da Malásia e a mais antiga e extensa descrição portuguesa do Oriente. Mais tarde, em 27 de janeiro de 1516, escreveu em Cochim uma importante carta a D. Manuel onde descreveu de forma pioneira a origem geográfica e algumas características de um grande número de drogas asiáticas.
- Garcia de Orta
O médico Garcia de Orta (1501-1568) partiu para a Índia em 1534 como médico pessoal do governador. Estabeleceu-se na área da medicina em Goa, onde conquistou ao longo dos anos uma brilhante reputação. Foi o autor responsável pela obra Coloquios dos simples, e drogas he cousas mediçinais da India, e assi dalgũas frutas achadas nella onde se tratam algũas cousas tocantes amedicina, pratica, e outras cousas boas, pera saber (Goa, 1563). Esta obra é considerada o primeiro contributo europeu importante para o estudo médico e botânico das drogas orientais.
Os Colóquios são uma obra ilustre, escrita sob a forma de diálogo e em português. Além das notas introdutórias, os Colóquios são constituídos por cinquenta e oito capítulos ordenados alfabeticamente sobre as drogas, produtos de origem vegetal, animal ou mineral que podiam ser utilizados com fins medicinais.
- Cristóvão da Costa
Estudou medicina e cirurgia, tendo partido em abril de 1568 para Oriente como físico do Vice-Rei da Índia, D. Luís de Ataíde (1568-1572). Para a redação do Tractado de las Drogas, Costa baseou-se nos Colóquios dos Simples (Goa, 1563) de Garcia de Orta, médico que conheceu no Oriente. Ao longo das 450 páginas desta obra, o médico descreveu as principais drogas, especiarias, minerais e recursos naturais das Índias Orientais.
Estes são três dos maiores nomes associados à farmácia, cujas obras continuam, nalguns pontos, extremamente atuais, noutros já obsoletos. O valor intrínseco, porém, permanecerá eterno.
[1] Histórias da Ciência (pp.41-64) Publisher: Quasi Edições Editors: Correia, Clara Pinto
[2] Vaz, J. C. B. (2013). Vida e Obra dos Boticários Portugueses dos Séculos XV e XVI (Doctoral dissertation, [sn]).
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