Dia Mundial Contra o Cancro

4 de fevereiro: um dia para pensar e mudar hábitos

Esta data assinala, anualmente, o Dia Mundial Contra o Cancro. A aposta na prevenção e nas campanhas é essencial para alterar as estatísticas e inverter a tendência da mortalidade, que se estima atualmente aumente 31% até 2040.

A campanha “Eu sou e eu vou”, da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), é agora lançada e pretende precisamente mobilizar a população nesta data, para uma ação nacional.

A iniciativa é também promovida mundialmente pela União Internacional de Controlo do Cancro (UICC), decorrendo no triénio 2019-2021.

A ação tem como objetivo unir a população na luta contra o cancro, sensibilizar para a literacia em saúde e reforçar a importância da igualdade no acesso aos cuidados em oncologia.

A campanha

A ideia da campanha é a de dar poder ao indivíduo, desafiando-o a um compromisso pessoal: pequenas ações individuais podem ter o poder de reduzir o impacto do cancro no próprio indivíduo (dieta saudável), nas pessoas que ama (deixar de fumar) e no mundo (vacinação).

Fazem parte da campanha sessões de sensibilização na comunidade, escolas e unidades hospitalares, atividades desportivas e “forte divulgação digital, nomeadamente nas redes sociais”.

A LPCC traduziu e adaptou vários materiais ajustáveis às necessidades das iniciativas, nomeadamente kits informativos para escolas e bibliotecas, poder central e local, bem como empresas.

Segundo a UICC, cinco milhões de casos no mundo poderiam ter sido detetados mais cedo e tratados eficazmente em 2018.

A incidência de cancro tende a aumentar e todos os anos 9.6 milhões de pessoas continuam a morrer de cancro, mais do que as mortes causadas em conjunto pelo HIV/SIDA, malária e tuberculose.

Um em cada três cancros é evitável

Apesar dos números atuais pouco animadores, sabe-se que, sensivelmente, 1 em cada 3 cancros tem causas evitáveis, e que deixar de fumar, abandonar o álcool, fazer exercício físico e combater a obesidade continuam a ser as recomendações-chave para diminuir o risco de tumores malignos.

Novas terapias: o que é a imunoterapia?

A Sociedade Americana de Oncologia designou a Imunoterapia do Cancro como o avanço científico e terapêutico mais relevante em 2016 e 2017. Foi na área da Oncologia, na qual se verificaram maiores progressos no conhecimento dos mecanismos subjacentes ao papel do sistema imunitário no desenvolvimento dos tumores. Foi, por isso, possível desenvolver novos medicamentos e estratégias inovadoras de tratamento do cancro, em que é o próprio sistema imunitário do doente que desempenha o principal papel no combate à doença.

A utilização crescente deste tipo de terapia, em Portugal e no mundo, tem sido uma realidade decorrente da aprovação de medicamentos inovadores pelas organizações internacionais que regulam a introdução de novos fármacos (FDA e EMA).

A imunoterapia estimula as células do organismo que habitualmente o defendem das agressões, para que o defendam também contra o cancro. Isso faz com que, quando as células de determinado órgão do organismo se transformam em células tumorais, elas vão ser reconhecidas pelos linfócitos (glóbulos brancos), que terão assim a capacidade de as reconhecer e de as destruir eficazmente.

Atualmente existem cinco classes diferentes de imunoterapias: vacinas contra o cancro (vacinação contra proteínas exclusivamente expressas em células cancerígenas); imunomoduladores (que ativam o sistema imunológico e param a paralisia imposta pelas células tumorais ao sistema imunológico); terapias alvo com anticorpos (anticorpos que atacam as células cancerosas); vírus oncolíticos (vírus que são modificados para infetar as células cancerosas e causar a sua morte, avisam e ativam o sistema imunológico para melhor combater o cancro) e, finalmente, a imunoterapia celular. Existem também várias maneiras de usar as células imunes dos doentes para combater o cancro.

O que se segue?

Neste tipo de terapia há uma particularidade. É que, como explicam vários especialistas que trabalham sobre ela, em vários hospitais e centros de investigação portugueses, a terapia produz mais resultados nos tumores ‘mais agressivos’.

No entanto, como explicou o investigador Bruno Silva-Santos, do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, a comunidade científica está a trabalhar noutras formas de imunoterapia, que vão tomar conta dos tumores com menor carga tumoral e que têm de ser mais dirigidas a antigénios tumorais muito bem definidos molecularmente.

«Há uma perspetiva, sobretudo com alguma engenharia genética, de virmos também a ter os linfócitos programados para detetar antígenos individuais e abundantes à superfície do tumor, que permitam a destruição dessas células – as quais não têm grande carga mutacional mas têm alguns antigénios que as distinguem das células saudáveis. É essa a esperança para estes tais tumores menos agressivos e que escapam, atualmente, à ação dos linfócitos muito eficazes a identificar as células mais aberrantes, as que têm com alta carga mutacional, mas não as que são mais invisíveis por serem mais parecidas com as nossas células saudáveis», afirmou o investigador.

Os desenvolvimentos destas investigações abrem assim novas perspetivas no desenvolvimento de terapias para o combate ao cancro.

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