História da Farmácia | A assinatura de Mattioli nas drogas e política do Renascimento
A assinatura de Mattioli nas drogas e política do Renascimento
A época do Renascimento é marcada por vários processos intelectuais, mas também políticos, que distinguem o conhecimento botânico da altura. A matéria médica de Dioscórides, por exemplo, baseava-se na flora mediterrânica e nas drogas que atravessavam este Mar provenientes do Oriente. As cidades estado italianas, com Veneza à cabeça, dominavam todo este comércio, juntamente com as ilhas de Creta e de Chipre. O interesse político revela-se veneziano, onde se começa a promover o estudo da matéria médica da Antiguidade.
Este estudo parte de uma rede de farmacêuticos, botânicos, médicos, mercadores, diplomadas e viajantes. A centralização parte de Mattioli, primeiro em Gorizia e depois em Praga e Innsbruck.
Pietro Andrea Mattioli
Mattioli nasceu em Siena, marcava o ano de 1501. Formou-se em Medicina em Pádua, em 1523. Depois, graças ao seu sucesso, tornou-se o mais afamado comentador quinhentista do clássico de matéria médica, do grego Dioscórides.
Em 1527, muda-se e passa a morar nas regiões de Trento e Gorizia. Mas é já em Veneza que, em 1544, publica a 1ª edição da sua obra mais emblemática: Di Pedacio Dioscoride Anazarbeo Libri cinque Della história, et materia medicinale tradotti in lingua volgare italiana, mais popularizada pela designação de Discorsi sull’ opera di Dioscoride. Trata-se da tradução italiana da obra de Dioscórides, acompanhada de comentários.
A manipulação da teríaca ilustra a evolução do conhecimento da matéria médica da Antiguidade. Este medicamento, um antídoto polifármaco, foi objeto de várias formulações, sendo a mais conhecida a do médico de Nero, Andrómaco (Séc. I).
Teriaga, enquanto medicamento, ficou famoso, tendo sido inicialmente fabricado pelo rei Mitrídates VI, com o seu médico pessoal. A fórmula chega depois a Roma, onde um dos médicos de Nero, Andrómaco, melhorou a fórmula.
Nesta época, a teriaga toma o nome de “Teriaga de Andrómaco”. Era composta por 64 constituintes, sendo a mais marcante a carne de víbora. Era muito usada para o tratamento das mordeduras de cobra.
A Teriaga de Andrómaco foi ganhando uma enorme popularidade até ao final do século XVIII, aumentando gradualmente o seu número de utilizadores.
Em cidades como Veneza, Montpellier e Toulouse a teriaga era preparada na rua, à vista de todos.
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