Como recuperar de cicatrizes

Uma cicatriz é um processo fisiológico de reparação de todo o tecido vivo que sofre uma disrupção, portanto um corte ou laceração, e é reparado por esse processo que se chama cicatrização.

Em termos de dermatologia as rugas surgem com a idade e são também consideradas cicatrizes.

As cicatrizes produzem-se por múltiplas razões: golpes, queimaduras, acne, incisões cirúrgicas, feridas mal curadas ou infeções. Quanto à forma, podem ser planas, elevadas ou afundadas. Por vezes, provocam dor, outras picam e, quase sempre, deixam a pele tensa na região afetada. A sua coloração pode também variar.

A inflamação dos tecidos, a desidratação e o défice nutricional podem prejudicar muito o processo de cicatrização, pelo que é particularmente importante uma boa higiene, alimentação (e até aumento de alguns tipos de alimentos) e ingestão de água. A idade do paciente e a localização da ferida também podem ser fatores determinantes no processo de cicatrização.

Diversas cicatrizes, diferentes abordagens

Quase toda a gente ganha cicatrizes nalguma altura na vida, seja por resultado de pequenos acidentes ou queimaduras.

É comum as pessoas dirigirem-se à farmácia sem saber muito o que fazer ou a que produtos ou tratamentos recorrer.

As cicatrizes precisam de ser cuidadas e algumas disfarçadas, sendo recordações de situações mais ou menos traumáticas nas nossas vidas.

Podem ser particularmente incomodativas do ponto de vista estético, sobretudo se se localizam em zonas muito visíveis da pele.

Existem diferentes tipos de cicatrizes e também tratamentos distintos para tentar diminuir os seus efeitos. As recomendações começam pelo uso de cremes e vão até às cirurgias plásticas.

É muito importante salientar que as cicatrizes não desaparecem por completo, o objetivo dos tratamentos é deixá-las o menos percetíveis possível.

Para o efeito existem várias possibilidades, recomendadas de acordo com o tipo e local da cicatriz. Quando há dúvidas, e sobretudo quando a cicatriz é mais severa, a consulta de um médico dermatologista é fundamental, uma vez que a avaliação inicial é muito importante para o profissional direcionar o tipo de tratamento. Por vezes, é necessário combinar vários procedimentos, para obter um melhor resultado.

Diferentes características e tamanhos

As cicatrizes que provêm de feridas superficiais são habitualmente pequenas e pouco incómodas, mas as que trespassam a derme tendem a deixar uma marca bastante mais duradoura. A sua classificação faz-se em função do seu tipo e tamanho. Dentro das muito inestéticas, há essencialmente 3 grandes tipos – Hipertróficas, Artróficas e Queloides, podendo na mesma cicatriz haver mistura de características.

Cicatrizes Hipertróficas – são aquelas que ficam espessas e duras ao tato, mas não ultrapassam os limites da própria ferida. Há localizações anatómicas em que estas cicatrizes são mais frequentes e muitas vezes têm um carácter provisório no decurso do processo de cicatrização, desaparecendo progressivamente, quer espontaneamente, quer recorrendo a tratamento. Estas cicatrizes tendem a formar-se semanas ou meses após a lesão, podendo, inclusive, ser dolorosas. É frequente melhorarem de forma natural, embora o processo possa durar um ano ou mais.

Cicatrizes Atróficas – podem resultar da perda de substância consequente ao acidente ou à cirurgia, de uma cicatrização sem recurso a costura, a partir das camadas mais profundas da pele ou ainda do alargamento da própria cicatriz num momento posterior ao encerramento da ferida. Associam-se a uma perda de produção de colagénio. Apresentam uma forma afundada, isto é, abaixo do nível da pele circundante. Um exemplo típico é o das cicatrizes derivadas da acne.

Cicatrizes Queloides – são cicatrizes espessas, em que o espessamento e endurecimento ultrapassa a ferida que lhe deu origem. Formam-se com o colagénio que o organismo produz, uma vez curada a ferida. Sobressaem dos limites do corte e são grossas, arredondadas e quase sempre de tom avermelhado, mais escuro do que a pele circundante. Constituem em grande parte uma “tendência” do próprio paciente e são mais frequentes em certos grupos étnicos – nas pessoas de pele negra e na área de pele que fica entre o queixo e uma linha imaginária passando pelos mamilos.

Alguns dos tratamentos mais comuns e eficazes:

Cremes e massagens – massagens terapêuticas, óleos, cremes gordos, cremes clareadores ou, por exemplo, cremes à base de ácidos como o glicólico, retinoico e salicílico e cremes com corticoides.

Laser – Os raios laser penetram na pele e interrompem o fluxo sanguíneo da cicatriz. O custo do tratamento é, em geral, elevado e as cicatrizes tendem a reaparecer.

Micro-agulhas – é um tipo de tratamento feito no consultório do dermatologista que costuma melhorar todos os tipos de cicatrizes. As lesões mais superficiais e recentes têm uma resposta melhor que as mais antigas e maiores. Atua por microperfurações na pele, o que faz com que no processo de cicatrização haja uma melhora na qualidade do colagénio ali.

Dermobrasão – Através de uma esfoliação manual ou elétrica, elimina-se a camada superficial da pele, adquirindo esta, posteriormente, uma aparência final mais suave e fresca. As camadas superficiais da pele são esfoliadas com um rolo que contém partículas de diamante. A abrasão vai-se entranhando até a cicatriz ou ruga desaparecerem, sem colocar a pele em risco.

Injeções de colagénio – Substituem a falta de colagénio natural e aplicam-se em cicatrizes faciais.

Injeções de cortisona – Reduzem o tecido conjuntivo e são muito importantes em alguns tratamentos.

Esfoliação química (peeling) – Através deste processo, desprende-se a camada superficial da pele. Esta, ao regenerar-se, costuma adquirir uma melhor aparência.

Crioterapia – A cicatriz é eliminada após a congelação com nitrogénio líquido.

Enxertos – A cicatriz é retirada e substituída por pele saudável. Emprega-se, frequentemente, no caso de acne profunda.

Terapia de pressão – Sobre a cicatriz aplica-se um dispositivo de pressão. Costuma recorrer-se a esta terapia quando as feridas são extensas. O processo de tratamento pode durar vários meses.

Cirurgia – Método usado sobretudo para cicatrizes queloides, quando estas não respondem a outros tratamentos.

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