Serviços em Farmácia: o presente e o futuro dos cuidados de saúde de proximidade
Na última década e meia a realidade das farmácias comunitárias tem mudado muito, por um lado através de grandes alterações legislativas e novas políticas na área do medicamento e, por outro lado, alterações socio-comportamentais dos utentes, novas tendências na saúde e novas políticas de gestão destas microempresas, de modo a adaptarem-se ao mercado e à atualidade.
Estas alterações levaram a que muitas farmácias tivessem de se adaptar rapidamente à nova realidade de gestão, tornando-se mais competitivas entre elas. Estas evoluíram na oferta de serviços, ficaram mais próximas das necessidades do utente, modernizaram-se e reduziram custos.
Embora alguns serviços fossem recorrentes há mais tempo, foi em 2007, que o Ministério da Saúde publicou a Portaria n. º 1429/2007, que definiu, pela primeira vez, o conjunto de serviços que as farmácias podiam prestar.
2 anos antes da pandemia por Covid-19, em 2018, foi publicada a Portaria n.º 97/2018, uma alteração que alarga os serviços farmacêuticos e outros serviços de promoção da saúde e bem-estar dos utentes que podem ser prestados nas farmácias comunitárias.
Por um lado, mantêm-se os serviços de apoio domiciliário, administração primeiros socorros, administração de medicamentos, utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica, administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação e programas de cuidados farmacêuticos.
A estes serviços, juntaram-se as consultas de nutrição, programas de adesão à terapêutica, de reconciliação da terapêutica e de preparação individualizada de medicamentos, assim como programas de educação sobre a utilização de dispositivos médicos.
As farmácias passaram a poder realizar testes rápidos para o rastreio de infeções por VIH, VHC e VHB (testes ‘point of care’), incluindo o aconselhamento pré e pós -teste e a orientação para as instituições hospitalares dos casos reativos, de acordo com as redes de referenciação hospitalar aprovadas e os procedimentos estabelecidos pelas entidades do Ministério da Saúde com competência na matéria.
O diploma consagrou também alguns serviços simples de enfermagem, nomeadamente:
- Consultas de nutrição;
- Testes rápidos para o rastreio de infeções por VIH, VHC e VHB;
- Serviços rápidos de enfermagem, nomeadamente tratamento de feridas e cuidados a doentes ostomizados;
- Cuidados na prevenção e tratamento do pé diabético.
Oficialmente, as farmácias passaram ainda a poder promover campanhas e programas de literacia em saúde, prevenção da doença e de promoção de estilos de vida saudáveis.
Os efeitos da pandemia
Com a pandemia, depois da reorganização dos primeiros meses, as farmácias foram fundamentais para o apoio de proximidade às populações, tendo passado, após algum tempo, a disponibilizar testes à população. Como em quase tudo, também os serviços de farmácia online, entrega em casa ou recolha em ponto de venda (sem fila), aceleraram muito a oferta digital pré-existente.
Os efeitos colaterais das grandes mudanças que o setor já enfrentava e, agora, por via da presente crise sanitária, tornaram fundamental centrar o serviço no doente, prestando os cuidados necessários com qualidade, proximidade e comodidade.
A farmácia comunitária deverá, no presente e no futuro, contribuir de forma ativa para garantir a continuidade dos cuidados e otimização dos tratamentos, maximizando o seu efeito para os doentes e para o sistema de saúde.
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