Entrevista a Nuno Pereira Monteiro – Colaborador Alliance Healthcare
Nuno Pereira Monteiro, que ocupa atualmente o cargo de Diretor Comercial Indústria na Alliance Healthcare, já faz parte da nossa equipa desde 2017, ano em que entrou como Diretor de Aprovisionamento.
Descubra qual a sua parte favorita no trabalho com a Alliance Healthcare e de que forma vê os desafios da indústria no médio prazo.
1. Como chegou à AH e como tem sido o seu percurso dentro da empresa?
A minha entrada na Alliance Healthcare está muito ligada ao antigo Diretor Executivo da Relação com a Indústria que, conhecendo o meu perfil e tendo presente a necessidade à data para a direção de aprovisionamento, me desafiou a candidatar-me e a fazer esse processo de recrutamento. Desde então o meu percurso dentro da empresa tem sido muito interessante e desafiante. A Alliance Healthcare é uma companhia muito dinâmica e com um ritmo de trabalho e oportunidades muito elevado, pelo que o nível de compromisso e entrega à empresa e à sua missão é exigente. Por estas razões, posso resumir este período como um caminho desafiante, muito positivo e que me continua a motivar diariamente.
2. Qual o maior desafio que encontrou na gestão dos vossos clientes da indústria?
O meu background e percurso profissional não estiveram ligados à Indústria Farmacêutica antes da entrada para a Alliance Healthcare, pelo que a necessidade de aprendizagem e trabalho para compreender os detalhes desta área de negócio e sector foram, por si só, um grande desafio.
Em paralelo, a diversidade e a complexidade do sector são os desafios que mais se levantam na gestão diária dos nossos clientes.
A Alliance Healthcare tem cerca de 450 fornecedores, desde Laboratórios, Representantes e Licenciadores. Destes 450, uma parte substancial é não só fornecedora de medicamentos e produtos de saúde, mas também cliente dos nossos serviços. Assim – e olhando para estas 450 entidade com propósitos e modelos de negócios distintos -, é possível compreender o desafio diário que temos na gestão das relações comercias que existem.
A nossa perspetiva é encarar os pontos acima referidos como oportunidades. Ou seja, trazer pessoas fora do sector, com ideias e experiências diferentes é uma oportunidade de criar valor e de olhar para os nossos clientes e fornecedores de outro modo. Também o facto de termos relações comerciais com 450 entidades permite-nos ter uma visão de mercado mais vasta, que se traduz numa proposta de valor mais completa e interessante, a qual genericamente endereça as necessidades dos nossos clientes e parceiros.
3. Como vê os desafios da indústria no médio prazo?
Esta questão é, sem dúvida, muito complexa de responder.
Resumir a Indústria Farmacêutica numa uma única entidade é uma tarefa injusta, pois os objetivos, os modelos de negócios e mesmo as pessoas são muito distintas de Laboratório para Laboratório e mesmo dentro do mesmo segmento de mercado. Por esta razão os desafios atuais são muito dispares, não obstante podem ser elencados vários pontos: desde os desafios políticos e o relacionamento com todos os stakeholders (entidades estatais, Distribuidores, Farmácias, classe médica e Utentes); as dificuldades inerentes à implementação da nova diretiva dos Medicamentos Falsificados (complexidade burocrática, investimentos e impacto na disponibilidade de produto – stock outs); os desafios relativos aos mercados externos (não apenas para a Indústria de inovadores mas também para os segmentos da Cosmética); referir também pela nítida tendência de iberização que deixa a descoberto a promoção e o acompanhamento da Farmácia em várias franjas de mercado (quer em termos de segmentos de produto nos segmentos de menor dimensão, até ao desinvestimento em áreas geográficas nos principais segmentos de mercado), passando também pelos vários esforços levados a cabo pela Indústria (e por parte da Distribuição) para controlar o produto e a margem no Canal que é – passo o chavão – mais competitivo e concorrencial face a um passado não muito distante. Haverá seguramente vários outros desafios atuais com que a Indústria se depara.
Quanto ao futuro – e aqui passo muito a minha opinião -, vejo que haverá dois grandes desafios-oportunidades para a Indústria a médio/longo prazo.
Por um lado, considero que os desenvolvimentos da tecnologia hoje existente serão o caminho para o futuro do mercado e ditarão como os vários intervenientes se vão conectar entre si e definirão, em grande parte, os modelos de negócio que irão reger este nosso sector.
Por outro lado – e aqui claramente como uma oportunidade -, há ainda um caminho a percorrer na valorização da Farmácia enquanto ponto crucial do ciclo do medicamento. A rede de Farmácias portuguesas (de notar que esta é provavelmente a maior rede de contacto ao utente que hoje existe no nosso país) tem um potencial que pode alavancar não só os objetivos e modelos de negócio da Indústria, como será também um pilar fundamental para o desenvolvimento do sector.
4. Qual a ação/campanha de maior envergadura que a AH tenha implementado nesta área?
A missão da Alliance Healthcare traduz-se na intenção de ser o operador logístico mais valorizado pelas Farmácias e pela Indústria Farmacêutica. É neste sentido que, enquanto equipa Comercial para a Indústria Farmacêutica, trabalhamos diariamente, tentando de modo contínuo compreender as motivações e desafios dos nossos clientes, por forma a apresentar soluções que enderecem as necessidades e que acrescentem valor para todos os intervenientes.
Assim, e nos últimos 4/5 anos, a Alliance Healthcare tem feito um enorme esforço em aproximar a Indústria Farmacêutica e as Farmácias, materializando as valências que cada uma das partes pode acrescentar. Um bom exemplo desta ideologia de trabalho é o nosso serviço AH+Direct. Este serviço tem como premissa desafiar a Indústria a investir, em conjunto com a Alliance Healthcare, no negócio da Farmácia, permitindo que estas tenham condições diferenciadas no seu negócio. Este investimento é, assim, um meio de diferenciação para o Laboratório, que ao investir no canal Farmácia, via Alliance Healthcare, se coloca mais próximo do consumidor.
5. Que evolução imediata gostaria de ver implementada em Portugal na relação indústria-Distribuidores- farmácias para responder aos desafios presentes do sector?
Existem diversas questões pontuais que terão de evoluir ou ser implementadas no nosso sector, questões estas que endereçam alguns dos desafios que enumerei na questão 3. Não obstante, a meu ver, a transformação digital do sector da Saúde, mais concretamente do medicamento, é a evolução que mais urge. Estou totalmente em crer que será esta transformação digital que potenciará a relação Indústria-Distribuidores-Farmácias, potenciando mais oportunidades e protegendo o sector de entidades que promovam a disrupção negativa dos modelos de negócio que vemos como de futuro. O grande desafio será a materialização desta transformação digital com uma visão integradora e de conjunto que aumente eficiência e maximize o serviço dos vários intervenientes. Ainda assim, e apesar de ser uma missão verdadeiramente complexa, há já várias iniciativas do Grupo ANF neste sentido com perspetivas e soluções muito interessantes.
6. Do que mais gosta no seu dia-a-dia de trabalho?
Da Alliance Healthcare, enquanto empresa e enquanto equipa.
A Alliance Healthcare é uma empresa muito interessante. Apesar dos seus mais de 50 anos de história, dos seus 450 colaboradores, e de gerar um volume de negócios consolidado que ronda os 600M€, a Alliance Healthcare é uma empresa muito dinâmica e versátil, que promove a inovação e que tem um foco ímpar – face à sua concorrência – nos seus clientes. É uma empresa com um passado muito rico, com um presente sólido e que, pelo seu trabalho, será sem dúvida incontornável o futuro do nosso sector. Em paralelo é uma empresa que aposta nas pessoas, que se preocupa com o seu desenvolvimento pessoal e que vê nas suas equipas um dos seus maiores ativos.
Por estas razões, é a Alliance Healthcare em si o ponto que mais gosto no meu dia-a-dia de trabalho e que me motiva a querer mais e a contribuir para, enquanto empresa, podermos ir mais longe.
7. Descreva a AH numa palavra?
Ainda que em inglês, descreveria como Enabler.
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