Industry Talks – Carlos Pereira, Diretor Comercial da Milupa e Nutricia

  1. De que forma correu a vossa adaptação à situação de pandemia, desde o início? Seguiram um plano de contingência específico para Portugal?

Na Danone colocámos desde logo a segurança dos nossos colaboradores em primeiro lugar.

Começámos por seguir o plano de contingência relativo a viagens e formações do Grupo Danone e criámos em Portugal um Comité de Crise que tem acompanhado a situação desde Fevereiro.

A partir de 16 de Março todos os nossos colaboradores permaneceram em smartworking, incluindo as equipas de terreno que adaptaram as suas funções, tendo cooperado com outros departamentos e trabalhado na adaptação às novas formas de comunicar com os nossos Clientes, Pacientes e Profissionais de Saúde. O Plano de Contingência para Portugal acompanha a evolução da situação no nosso país, sendo progressivamente adaptado à mesma. Por exemplo as equipas de vendas voltaram a visitar presencialmente as farmácias desde Junho.

Desenvolvemos ainda um plano de Engagement com foco na saúde e bem-estar, nas ferramentas digitais, na comunicação transparente, no reconhecimento e orgulho em ser Danone e na liderança de proximidade. Investimos na formação das nossas equipas, tanto técnica como comportamental, para facilitar a adaptação a esta nova realidade.

  1. Quais são os grandes desafios que se colocam ao mercado neste momento, e de que forma olha para novas formas de cooperação com a indústria e todo o setor?

O contexto atual coloca-nos 3 grandes desafios: assegurar uma interação próxima e eficiente com as equipas de farmácia, comunicar com os consumidores/ pacientes não só na farmácia, mas acima de tudo em conjunto com a farmácia e construir parcerias de valor acrescentado com stakeholders como grupos e armazenistas.

Assistimos a uma transição de um modelo de interação maioritariamente presencial para uma realidade mista ou mesmo maioritariamente remota. Esta interação e consequentemente a proximidade é essencial não só na perspetiva comercial, mas também para a formação das equipas de farmácia. Sendo a formação um elemento fundamental para potenciar o aconselhamento/ recomendação estamos a desenvolver e implementar ferramentas que permitam às nossas equipas comunicar com as farmácias de forma remota mantendo a proximidade.

A farmácia tem cada vez mais a necessidade de comunicar com o consumidor não só de forma presencial. É neste sentido que a indústria tem um papel essencial na digitalização e na adaptação dos meios de comunicação dentro da farmácia. Por exemplo com o simples fornecimento de conteúdos ou mesmo a interligação entre webpages.

Os Grupos de farmácia e os Armazenistas assumem-se como stakeholders chave que podem ajudar na digitalização e inovação da forma comunicar com a farmácia e consumidor final. Um exemplo é a Há + Vida e esta entrevista.

  1. Com as mudanças entretanto ocorridas, de que modo perspetivam o futuro da empresa e do seu segmento de mercado, a médio prazo?

A Danone Specialized Nutrition opera em 2 grandes mercados Alimentação Infantil e Nutrição Clínica, com marcas como Aptamil, Bledina, Fortimel, Neocate e Nutilis.

Com A missão de nutrir todas as fases da vida e estar ao lado dos nossos parceiros mais relevantes, entre eles os farmacêuticos, não só do ponto de vista comercial , mas também do ponto de vista de suporte ao paciente e pais, num  momento em que é mais difícil o acesso aos cuidados de saúde e eles passam a ter um papel essencial na recomendação de produtos e suporte a estes targets.

Ao contrário do que se passa noutros países europeus, em Portugal não existe comparticipação nos alimentos para fins medicinais específicos que têm de ser usados para garantir a correta nutrição em doentes que apresentam determinada condição ou doença. Por exemplo, para um doente oncológico é muito importante uma nutrição especifica, desde uma fase precoce da doença, para prevenir a perda de peso resultante do estado catabólico em que se encontra o organismo.

Acreditamos que a sensibilização da sociedade vai aumentar os diagnósticos de necessidades nutricionais especificas, aumentar a recomendação médica e farmacêutica de soluções adequadas e facilitar a comparticipação permitindo o acesso a todos independentemente da sua capacidade financeira.

Na realidade a partir de 1 setembro foi dado um grande passo ao ser permitido aos pais de bebés com alergias severas à proteína do leite de vaca o acesso comparticipado a leites específicos. Mas existem ainda um conjunto de necessidades nutricionais não comparticipadas por exemplo na nutrição de idosos e doentes oncológicos.

É neste sentido que continuaremos a sensibilizar a sociedade e a formar os profissionais de saúde, aumentando o número de pacientes diagnosticados e com acesso a nutrição adaptada. No médio prazo ambos os mercados vão continuar a tornar-se ainda mais relevantes.

  1. Vêm no canal digital uma estratégia para contornar a presente crise, e elevar a relação com as Farmácias e com o consumidor?

O digital é um meio que nos permite adaptar ao contexto atual mantendo a proximidade com a farmácia e o consumidor. Mas não basta por si só, é necessário adaptarmos as ferramentas digitais ao negócio, na forma como as equipas as usam, como nos conteúdos e planos que implementamos.  Por isso na Danone estamos a desenvolver ferramentas que permitam uma implementação eficiente, adaptada a cada stakeholder e a formar as nossas equipas na forma como usar a interação digital.

A nossa capacidade em usar o digital de forma eficiente depende em muito da proximidade e abertura entre a indústria e a farmácia. Com metodologias de interação digital entre equipa de vendas e a farmácia; e a comunicação de conteúdos adaptados nas webpages das farmácias estamos a diminuir o impacto da crise e a preparar um futuro mais sólido.

  1. Ter uma relação privilegiada com o canal Farmácia é fundamental. De que forma a têm implementado, e que alterações sentiram nesta relação fruto da pandemia e do modo como as Farmácias estão a reagir a esta nova realidade?

A Danone SN integrou 2 equipas de farmácia (Alimentação Infantil e Nutrição Clínica) numa só equipa no início de março. Em conjunto com um exercício de revisão da segmentação é nos permitido aumentar a cobertura do Nº farmácias e adequar ao potencial de cada uma.

Com as restrições da interação presencial mantivemos o foco na integração das equipas, garantido que todas as farmácias têm o acompanhamento da Danone SN nos 2 mercados de forma remota, implementando dinâmicas e ferramentas que facilitam o dia-a-dia por ex. formação remota, kits de apresentação novos produtos.

No geral as farmácias reconhecem a importância da digitalização e da eficiência de uma interação não exclusivamente presencial, havendo exemplos de total adaptação. No entanto ainda existe uma % grande que procura dinâmicas internas para implementar no dia-a-dia. A indústria tem um papel essencial para acelerar esta adaptação da farmácia ao contexto.

  1. Em termos de inovação, quais as soluções a trabalhar nos próximos anos para poder sedimentar a presença e o posicionamento de mercado desta indústria junto das Farmácias e dos consumidores?

A inovação está no nosso ADN. A Danone SN foi pioneira e continua a liderar a investigação nos dois mercados em que atua, na Nutrição Clínica, com marcas reconhecidas como a gama Fortimel, e na Nutrição Infantil na gama Aptamil, nunca deixando de parte os mais vulneráveis como por exemplo os doentes com APLV ou doenças raras metabólicas. Temos o portefólio mais vasto de Alimentos para Fins Medicinais Específicos.

Quando a inovação que requer recomendação ou prescrição de profissionais de saúde ao nível dos cuidados primários e secundários, o nosso foco é entregar produtos inovadores e adaptados as necessidades especificas de cada doente. Recentemente lançamos no mercado dois produtos únicos, o Nutilis Complete para doentes malnutridos com dificuldades de deglutição, necessidade frequente em doentes pós AVC, e lançamos o Fortimel Compact Protein com sabores sensoriais para doentes com cancro malnutridos e com alterações do paladar, sintoma muito frequente nestes doentes. Muito em breve vamos lançar novas soluções para os lactentes com APLV e para os idosos com necessidades extremas de recuperação muscular após doença.

Também trabalhamos diariamente para que a Nutrição Infantil e Clínica seja acessível para todos, isto significa que estamos a encontrar soluções para os doentes com menor capacidade financeira. O objetivo é entregar ao mercado produtos de elevada qualidade com preços acessíveis para o utente. Isto é possível em categorias onde a recomendação dos profissionais de saúde pode ser substituída/ complementada pelas farmácias. Em breve teremos novidades!

Comments
Comments are closed.

Panel Heading

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui.